Leão de Nova Iguaçu é a grande Campeã dos desfiles do Grupo C

Depois do título da Beija-Flor de Nilópolis e da excelente terceira colocação da Grande Rio, de Duque de Caxias, na Marquês de Sapucaí, a Baixada Fluminense também brilhou no Carnaval deste ano com a Leão de Nova Iguaçu, que sagrou-se campeã do Grupo C.

A escola iguaçuana conquistou 299.8 pontos, dois décimos à frente da vice-campeã, a Unidos das Vargens, acabando com um jejum de quatro anos sem poder comemorar o título máximo do Carnaval. Em 2014 foi a oitava colocada no Grupo C, com o enredo “Quero ver quem não vai se embalar…Babi Cruz, a verdadeira majestade da passarela”, do carnavalesco Robson Goulart.

Os quesitos Mestre-Sala e Porta Bandeira; Comissão de Frente, Samba-Enredo e Fantasia receberam nota 10 de todos os jurados. A escola perdeu apenas dois décimos em Enredo e Conjunto, mas garantiu nota máxima (30 pontos) também em Harmonia, Evolução e Bateria.

Quinta agremiação a desfilar na segunda-feira de Carnaval, na passarela da Estrada Intendente Magalhães, ao lado de outras 11 escolas de samba do Grupo C, a Leão ganhou agora o direito de desfilar, em 2016, entre as escolas da Série B, dando um grande passo para, logo logo chegar à Marquês de Sapucaí.

O presidente da escola, Oberdan Rodrigues da Silva, o Bira, lembrou que a Leão foi à passarela do samba para falar da luta, da raça e da cultura negra.

“Foi um carnaval muito difícil, mas superamos todos os obstáculos. Com muita garra, conseguimos chegar ao grande objetivo da conquista do campeonato. O próximo passo é levar a escola de volta a Marquês de Sapucaí, de onde ela jamais deveria ter saído”, afirmou Bira.

PORTA-BANDEIRA CHORA COM 4 NOTAS 10

A escola de Nova Iguaçu, que passou pelo Grupo Especial, em 1992, com o enredo “O Leão na Selva de Ilusões”, numa homenagem a novelista Janete Clair, desfilou este ano com 832 componentes em clima de muita empolgação e samba no pé. Levou para a avenida o enredo “Da força de Zumbi dos Palmares à resistência de Nelson Mandela”, dos carnavalescos Silvio Cezar e Ivan Carneiro, que acaba de conquistar o seu quarto campeonato na passarela do samba.

Um dos destaques da Leão, este ano, foi o Abre Alas com a figura de Mandela, considerado como o mais importante líder da África Negra e ganhador do Prêmio Nobel da Paz de 1993.

A escola vermelho, ouro e branco de Nova Iguaçu exaltou a raça do povo negro, versando um pouco do Brasil e da África, de Ganga Zumba, primeiro líder do Quilombo dos Palmares, até a raça de Mandela, com destaque para danças folclóricas, do frevo ao maracatu. E tudo, sob o ritmo quente dos 90 ritmistas da bateria de Mestre Bolinha, que exibiu como Rainha a exuberância feminina de Luciene Soares. Ela desfilou fantasiada de leoa, à frente dos leões ritmistas.

“Foi um desfile tecnicamente correto. Nossas alegorias e fantasias estavam irretocáveis, com grande mérito também para harmonia e evolução dos componentes. Todos entraram com raça para mostrar a força do Leão”, disse, emocionado o presidente Bira.

A porta-bandeira Amanda Rodrigues, que bailou com o mestre-sala Willian, não conteve as lágrimas ao receber nota 10 de todos os jurados.

“É uma sensação enorme do dever cumprido. A gente fez o dever de casa, a gente não inovou. Eu e o Willian somos um casal que trabalha mais o lado tradicional da dança. É muito bom, é maravilhoso o fato de a gente ter agora a certeza de que agradou, de fato, todos os jurados. Estou emocionado”, disse.

BORNIER ANUNCIA APOIO PARA 2016

O prefeito de Nova Iguaçu, Nelson Bornier, comemorou a vitória da Leão ainda no gabinete de trabalho. “Mais que nunca, a Baixada Fluminense se consolida como celeiro de grandes sambistas, mostrando a força e a raça de seu povo, que contribui cada vez mais para o brilhantismo dos desfiles das escolas de samba do Rio de Janeiro”, festejou, prometendo ajudar a Leão a se firmar entre as grandes escolas na Marquês de Sapucaí.

“Vamos dar todo o apoio possível para que a Leão de Nova Iguaçu volte a brilhar na passarela. Este ano, já demos uma grande ajuda na mobilização dos componentes. Mas vamos nos envolver ainda mais, a partir de agora, inclusive com a reforma da quadra de ensaios. Vamos lutar para transformar a nossa maior escola de samba num dos mais belos cartões de visita da cidade”, anunciou Bornier, entusiasmado.

“Foi um dos melhores desfiles que a escola já realizou ao longo de sua existência. Essa vitória é a síntese de todo o esforço, carinho, amor e dedicação que os componentes dispensaram à escola. Pra gente, é o máximo, é a glória, a realização e a certeza do dever cumprido. Agradeço a todos que acreditaram no nosso trabalho, aos componentes, amigos, diretores, ao nosso padrinho Paulo Tenente e ao prefeito Nelson Bornier pelo grande apoio”, disse Bira.

A Unidos das Vargens, segunda colocada do grupo, também desfila na Série B, em 2016. Já as quatro últimas colocadas – Unidos de Manguinhos, Difícil é o Nome, Villa Rica e Mocidade de Vicente de Carvalho -, desceram para a Série D do carnaval carioca.

COMPONENTES INVADIRAM A QUADRA PARA FESTEJAR

Eufóricos com a vitória, os componentes Leão de Iguaçu invadiram a quadra da escola, no bairro Santa Eugênia, por volta das 13h, e vibraram com a chegada do troféu de campeã erguido pelas mãos do presidente Bira e de seu vice-presidente Alan.

Muito cumprimentado, Bira destacou o empenho dos componentes que esqueceram o 8º lugar de 2014 e trabalharam para que a Leão mostrasse suas garras e rugisse alto na Intendente Magalhães.

Ao lado da filha Dandara, 9 anos, André Junior, que toca cavaquinho no grupo Expressão, não conseguiu conter a euforia. E ele é um dos compositores (lado dos parceiros são George Wagner, Diego Chocolate, Serginho de Castro e Manga) do samba que a Leão venceu o carnaval.

“Levamos em média 10 dias para aprontar o samba. Falar de Nelson Mandela é muito fácil, pois foi um líder nato que lutou pelo seu povo. Confesso que a ficha ainda não caiu! Este é o primeiro ano que disputo e já sou campeão. Quero chegar com a Leão ao Grupo Especial e mostrar ao mundo a força do samba de Nova Iguaçu”, concluiu André, que está na escola há 25 anos, influenciado pelo seu pai Joel do Cavaco, que venceu diversas disputas de samba na agremiação.